Ipê Amarelo
Se compararmos o planeta Terra a um cachorro, nós, seres humanos, seremos os carrapatos sugando a vida do planeta.
A humanidade caminha para uma explosão demográfica, ainda sem controle. A cada novo dia, mais gente sobre a superfície. E, a cada novo dia impomos à camada viva que nos sustenta, castigos inclementes; se não for adotado um sistema eficiente (principalmente educativo) contra os abusos, em breve sofreremos a escassez de alimentos e de água potável; com o calor infernal ou uma nova era glacial.
Parece que tais eventos já começaram. O clima planetário passa por mudanças radicais quando sentimos o forte calor que nos castiga em pleno inverno. As geleiras que pareciam eternas estão derretendo, em certas regiões chove como dilúvio, enquanto outras secam. A vegetação, se olharmos atentamente, notaremos que está fora do seu ciclo natural, atrapalhada, há um descompasso entre a música da Criação e as estações. São talvez, mudanças que a própria natureza se impõe, protegendo-se da destruição.
A queimada é um dos castigos à vida. O fogo, símbolo da purificação, está transmutando a vida planetária.
Em recente viagem, uma cena ficou gravada na minha memória, para sempre.
Era uma queimada à beira da rodovia. As chamas consumiam voraz a vegetação amarelada. No meio do calor, da fumaça, estava imponente um velho ipê amarelo, totalmente florido. Com seu tronco lambido pelas labaredas, mantinha-se em posição de sentinela, não deixando o posto, nem perdendo a realeza. O sentimento que me preencheu, foi o de pedir perdão, que ele perdoasse o castigo terrível, que nos perdoasse pela perda dos seus frutos e perdoasse a nossa ignorância!
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